A artista plástica Renata Fortes expõe “Nostalgia”

A artista plástica, Renata Fortes, apresenta a sua mais recente Exposição de Pintura denominada “NOSTALGIA” que pode ser vista até ao dia 24 de abril na Galeria A Moldura. Inspirada no filme do cineasta russo Andrei Tarkovski autor do filme Nostalgia (Nostalghia), nesta exposição as suas pinturas assumem livremente uma interpretação pessoal da nostalgia, ao passo que o ritmo, a cor e o movimento das pinceladas nos remete para uma obra de Kokoschka, Van Gogh ou ainda Chagall.

Gorchakov, personagem principal de Nostalgia viaja da Rússia para Itália com a intenção de pesquisar aspetos da obra de um músico Russo (Sosnovsky). Este deslocamento físico entre os dois lugares iniciará um processo complexo e intenso de uma busca interior e pessoal onde o tempo e o lugar se transformam em aspetos que espoletam a nostalgia da memória, ou o da impossibilidade de regresso a um não-lugar intemporal e místico.

Tal como a personagem de Gorchakov que assimila e altera a sua experiencia visual em correspondência com o seu estado de espírito, também Renata Fortes nos propõe esse momento empírico e único aquando da sua interpretação pictórica de Nostalgia. Nas suas obras apercebemo-nos que a artista, durante o seu processo criativo apreendeu de Nostalgia essas paisagens e personagens que vagueiam silenciosamente, e ao delas se apropriar vai renovar todo o processo, e assim apresentar-nos através das suas pinturas uma interioridade pessoal, onde a fisicalidade do gesto, e a expressividade da cor e do movimento estão presentes.

As figuras humanas que Renata Fortes nos apresenta, aparecem diluídas nas pinceladas largas e nos enquadramentos dos espaços físicos representados como se estivessem aprisionadas ao sítio, ao mesmo tempo trazem para a cena a ideia da impossibilidade de voltar a experienciar esse lugar já vivido, e de uma espécie de revisitação através da memória e da nostalgia.

Assim, o trabalho desta artista parece testemunhar que uma mesma experiencia é vivida de forma distinta por distintas pessoas, e que é através da obra de arte que cada individuo é capaz de expressar aquilo que anteriormente viveu e experienciou. Tarkovsky acreditava que o essencial do cinema, o essencial para a formação de qualquer composição plástica, seria a veracidade, a realidade existe no modo como as imagens se apresentam. O seu trajeto enquanto artista passa por essa busca infinita pela essência da vida, preenchendo cada plano, cada associação poética e disponibilizando-a ao espectador para que este transformasse e compartilhasse a riqueza de ver nascer uma imagem. E, se nem todos os espectadores o foram capazes de fazer, pelo menos sabemos através das pinturas de Renata que essa partilha é agora recompensada.

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