Alimentação: um dos pilares no tratamento da Diabetes

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), a mais antiga associação de diabetes do mundo, à semelhança das entidades nacionais e internacionais de referência, defende que a alimentação da pessoa com diabetes deve ser completa, equilibrada e variada, tal como a alimentação saudável que se recomenda à população em geral, e adequada às necessidades individuais.

Era simples se existisse uma dieta standard mas, na prática, as recomendações gerais têm de se ajustar às características e rotinas individuais. A alimentação é um dos pilares do tratamento da diabetes e é fundamental no controlo dos níveis de açúcar no sangue (glicemia). Contudo, são vários os mitos que influenciam negativamente as escolhas alimentares. A cenoura tem muito açúcar, o mel não faz mal, não se pode comer pão, quem tem diabetes não pode comer banana e uvas, os alimentos especiais para diabéticos podem comer-se à vontade, são algumas crenças que ainda existem e sobre as quais fiz questão de escrever no meu livro “Comer para Controlar a Diabetes – receitas sem sombra de pecado”.

Existe também muita confusão devido ao elevado número de produtos alimentares que surgem no mercado, às várias “dietas da moda”, aos artigos sensacionalistas e às opiniões pouco fundamentadas dos curiosos da área. Entre alimentos detox, funcionais, light, integrais, sem glúten e sem lactose, torna-se complicado saber o que comer. Excluir alimentos da dieta pode tornar a alimentação incompleta e pobre em nutrientes reguladores, como vitaminas e minerais. Não nos podemos esquecer que diferentes alimentos têm diferentes nutrientes. A solução é ajustar e adequar a quantidade. Esse processo, numa doença crónica como a diabetes, deve ser feito em conjunto com a equipa de saúde. Por exemplo, a quantidade a cada refeição, ou seja, o número de porções de hidratos de carbono por refeição, tem de estar ajustada à terapêutica e à rotina da pessoa.

Normalmente, as pessoas perguntam se determinado alimento é “bom” ou é “mau”. Não existem alimentos perfeitos. Tal como as pessoas, os alimentos têm defeitos e qualidades. Por isso, a questão deve ser sobre a sua densidade nutricional, ou seja, sobre o tipo e a quantidade de nutrientes. Por exemplo, a fruta tanto pode ser “boa” como “má”. O seu elevado teor em micronutrientes
e fibra é sem dúvida uma vantagem, mas em excesso, o açúcar naturalmente presente vai provocar um pico de glicemia.

São este tipo de questões que se discutem nos cursos de cozinha saudável da APDP. Os cursos de cozinha da APDP são ministrados por um chefe e uma nutricionista. Abertos a todos os participantes, com ou sem diabetes, o conceito é simples: enquanto se cozinha conversa-se. Ao mesmo tempo que o chefe vai orientando os participantes na cozinha, a nutricionista esclarece sobre as vantagens dos alimentos e das técnicas de confeção utilizadas. No fim, todos provam o que cozinharam. Cada curso tem um tema diferente, mas todos pretendem ensinar estratégias que permitam comer de forma saudável, escolher melhor os alimentos e desmistificar os mitos que envolvem a alimentação.

Autora: Joana Ramos Oliveira – nutricionista consultora da APDP

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