Colaboradores até 35 anos são os que mais vontade têm de regressar ao escritório

O futuro da procura de escritórios é um tema central de debate em todos os países, à medida que a pandemia de Covid-19 exigiu às empresas que aderissem à maior experiência de teletrabalho da história.Ao analisar tendências históricas com a pesquisa mais atual e as perspetivas dos clientes, o novo relatório da JLL The Future of Office Demand (O Futuro da Procura de Escritórios) conclui que, apesar do teletrabalho ser uma tendência, o escritório físico irá manter a sua importância enquanto espaço facilitador de inovação e colaboração e de saúde, bem-estar e produtividade dos colaboradores.

Depois de três meses em que a generalidade das empresas e os seus colaboradores foram obrigados trabalho remoto e se adaptaram com bastante sucesso a esta realidade, há hoje novos dados que mostram que os colaboradores têm o desejo de voltar às rotinas habituais em detrimento de estarem a trabalhar a partir de casa em permanência.

A pandemia global forçou muitos empregadores a reconsiderar o papel do escritório no apoio à cultura da empresa e aos seus objetivos”, afirma Christian Ulbrich, CEO da JLL. “A procura imobiliária segue os ciclos económicos, por isso sabemos que estes tempos sem precedentes também estão a criar oportunidades para que as empresas de todo o mundo re-imaginem as suas necessidades de espaço de trabalho à medida que regressam ao escritório”, acrescenta.

Segundo o estudo da JLL, as estratégias de localização das empresas também poderão mudar, com maior foco num ecossistema mais diversificado. No curto-prazo, haverá uma maior procura em zonas suburbanas e em cidades de segunda e terceira linha, por parte de empresas que necessitam apenas de um espaço que possibilite que os seus colaboradores possam interagir com os colegas em zonas mais próximas de casa. Esta pode também ser uma tendência pós-pandemia, já que a ausência de deslocações casa-trabalho foi o fator que mais colaboradores apreciaram no teletrabalho – foi essa a resposta de cerca de metade (49%) dos inquiridos num inquérito recente da JLL a 3.000 profissionais em vários países – que serviu de base para a elaboração do estudo The Future of Office Demand.

Ao analisar tendências históricas de crises económicas anteriores, tal como a recessão dos anos 90, o crash das dot.com e a crise financeira global de 2008, a JLL conclui agora que o mercado de imobiliário corporativo recuperou à medida que a economia também foi sendo reconstruída. As incertezas em torno da pandemia e a possibilidade de uma segunda vaga do surto tornam, contudo, difícil prever em quanto tempo se iniciará a recuperação. Ainda assim, a criatividade dos empregadores para aumentar a produtividade com estratégias de rotatividade das equipas no regresso aos escritórios e a aposta por espaços de trabalho socialmente distantes dão uma perspetiva encorajadora para a procura de escritórios.

Por outro lado, os escritórios encorajam a colaboração, a inovação, o mentoring e o team building, ou seja, situações que a tecnologia tem dificuldade em replicar. De facto, o mesmo inquérito da JLL mostra que 58% dos colaboradores sentem falta do escritório, com os mais novos – até aos 35 anos – a mostrar um desejo ainda mais forte de regressar (65%). A interação humana e a socialização com os colegas foi o que mais se sentiu falta durante a ausência do escritório (44%), seguido pelo trabalho coletivo cara-a-cara (29%), de acordo com o survey.

“O teletrabalho foi também estudado em Portugal e concluiu-se que existe a necessidade de reequilibrar o tempo passado a trabalhar em casa com o tempo passado no escritório. Isso vai ter implicações nos escritórios enquanto ativo imobiliário, mas acreditamos que será sobretudo a nível da estruturação do espaço e na redefinição dos requisitos de localização, e não necessariamente na perda de área total ocupada. Se é claro que o teletrabalho e a pandemia exigem tendências de menor densificação no espaço de trabalho, devido às prudências do distanciamento social, também é verdade que as empresas reconhecem cada vez mais os ganhos de produtividade, colaboração e inovação que a partilha de um espaço físico traz. Isso não vai mudar”, comenta Mariana Rosa, Head of Office & Logistics Agency & Transaction Manager.

O novo estudo global da JLL, The Future of Office Demand, identifica ainda quatro aspetos essenciais que marcarão a procura no mercado de escritórios a curto e a longo-prazo: o teletrabalho, o design dos espaços de trabalho, a tecnologia e novos padrões nas deslocações.

  1. Por um lado, a experiência positiva que muitas pessoas tiveram com o trabalho à distância, levará as empresas a adaptarem o seu modelo atual de trabalho a uma estrutura mais flexível, que satisfaça os seus colaboradores e simultaneamente garanta a sua produtividade, através de um equilíbrio possível entre as idas ao escritório e o trabalho remoto.
  2. Ao nível do design dos escritórios, a COVID-19 levou no imediato à diminuição da densidade ocupacional nestes espaços, de forma a cumprirem-se as regras de segurança e distanciamento social. No entanto – e pelo facto da pandemia também ter despertado junto das empresas uma maior preocupação com o bem-estar dos seus colaboradores – aquilo que se espera é que a longo-prazo, quando a propagação do vírus estiver controlada, o design dos escritórios seja repensado, apostando-se em espaços de trabalho que estimulam mais a colaboração, a interação, a criatividade e o próprio lazer entre os funcionários.
  3. Devido ao teletrabalho, muitas empresas atravessaram uma transformação tecnológica que não terá retorno. Se no início da pandemia, a tecnologia foi um recurso essencial para facilitar o teletrabalho e garantir a eficiência dos colaboradores, no futuro prevê-se que faça parte, cada vez mais, do próprio design dos edifícios, proporcionando escritórios inteligentes, com soluções tecnológicas avançadas, que não só contribuirão para aumentar a produtividade, como para apoiar as iniciativas de sustentabilidade, saúde e bem-estar das empresas.
  4. O trajeto casa-trabalho-trabalho-casa sofrerá modificações no futuro, uma vez que, desde o início da pandemia, as periferias ganharam novas dinâmicas. Por isso, é expectável que haja um aumento pela procura de escritórios em subúrbios habitacionais e com boas ligações aos centros urbanos. Apesar disso, as grandes cidades manter-se-ão como as mais atrativas para as oportunidades profissionais, sendo que os motores que já estavam a transformar os centros urbanos continuarão a impulsionar a mudança: digitalização e automação, a sustentabilidade e a globalização.

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