Criador Do Movimento Soil To Soul, promove em Portugal as boas práticas da agricultura regenerativa

‘Despertar consciências para a importância do solo’, é a base do movimento Soil to Soul, criado em Zurique por Thomas Sterchi, cofundador do projeto Terramay, em conjunto com Anna e David de Brito, e que chegou a Portugal (ao Alandroal), pela primeira vez em 2022, e a Lisboa na passada semana. O evento que pretende sensibilizar a comunidade para a importância da agricultura regenerativa, e de uma alimentação saudável para um futuro sustentável, reuniu chefs, produtores, imprensa e profissionais da área que, no decorrer de várias degustações, provas, conversas, e música, discutiram e refletiram sobre o que tem vindo a ser feito em Portugal, nesta matéria, e quais os desafios futuros.

“É urgente despertar consciências para a importância do solo. Queremos que as pessoas tenham a noção do que comemos e da forma como produzimos os alimentos. É importante que exista uma conexão entre agricultura regenerativa e nutrição natural”, defende Thomas Sterchi, mentor do movimento Soil to Soul e cofundador da Terramay.

Para complementar toda a abordagem desta temática, estiveram presentes três oradoras, que trouxeram à discussão questões e reflexões sobre temas relacionados com alimentação, nutrição, saúde (humana e do planeta), sustentabilidade e agricultura regenerativa.

Cláudia Viegas, nutricionista e professora na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa partilhou conceitos sobre alimentação, nutrição, saúde e sustentabilidade e abordou a dieta mediterrânica e quais os alimentos recomendados, através de uma proposta de modelo nutricional e comportamental, a qual indica alimentos, quantidades e frequência de ingestão.

A nutricionista aproveitou ainda a ocasião para alertar para o papel que os chefs podem ter no que respeita à redução da presença de proteína animal na alimentação que terá, com certeza, grande impacto na saúde humana e do planeta.

Esther Dalkmann, CMO da Climate Farmers foi a segunda oradora e a sua intervenção incidiu sobre o estado da indústria agrícola nos dias de hoje, e sobre um olhar de esperança na agricultura regenerativa, como a solução ideal para todos, e que contribuirá, certamente, para a saúde humana e planetária. Focou, ainda, aspetos relevantes como o facto de a agricultura regenerativa ser um sistema agrícola que se concentra na construção da saúde do solo e que este é o caminho a seguir, para bem da humanidade. Esther Dalkmann partilhou também a sua visão e missão sobre este tema, onde refere a importância de se caminhar para um mundo onde os humanos possam viver em harmonia com a natureza, construindo-se infraestruturas para escalar a agricultura regenerativa.

Por sua vez, Ana Digón, da Associação de Agricultura Regenerativa Ibérica, falou sobre a importância da agricultura regenerativa e realçou a importância dos sete ‘Ms’ num solo saudável, destacando os Minerais, a Microbiologia e a Matéria orgânica. Teve oportunidade de refletir, ainda, com os participantes, sobre questões relacionadas com gestão (Management), Mentalidade e Manifestação (exemplos), como atitudes e comportamentos imprescindíveis que podem contribuir para a regeneração dos solos apresentando, ainda, a Multiplicação desta prática, com a partilha de exemplos de pioneiros ibéricos em agricultura regenerativa, destacando a criação de sistemas agroalimentares holísticos que permitam a todas as pessoas o acesso a alimentos não tóxicos para uma alimentação saudável e vida plena.

Durante o evento, vários chefs como André Cruz (Feitoria), Bruno Caseiro (Cavalariça), Diogo Formiga (Encanto), José Júlio Vintém (Tombalobos), Natália Finger (Senhor Uva), Ruben Trindade (Casa do Gadanha) e Vítor Adão (Plano e Planto), prepararam um almoço volante com produtos da quinta biológica de agricultura regenerativa, Terramay.

Houve ainda lugar para um pequeno concerto com Sean Riley que animou os convidados e contribuiu para momentos descontraídos.

“O movimento Soil to Soul pretende alertar todos para a importância do solo que é o nosso bem mais precioso, vital para a saúde humana e do nosso planeta.  Acreditamos que a sustentabilidade não tem de ser um sacrifício, mas sim um prazer”, constata Anna de Brito, cofundadora da Terramay.

David de Brito, também cofundador da Terramay acrescenta que “o objetivo destes eventos é traduzir a ecologia no prato, porque sabemos o importante que é garantir a saúde de todos para as gerações vindouras”.

Pretende-se que o festival Soil to Soul – Somos o que comemos seja organizado de dois em dois anos, estando já prevista a segunda edição para 2024, no Alandroal, depois do seu início no ano passado, mas neste ano intermédio, era importante manter viva a discussão e a promoção do tema, por isso a equipa Soil to Soul da Suíça, liderada por Thomas Sterchi decidiu organizar este momento, reunindo pessoas que possam ajudar a passar a mensagem, como chefs, produtores, imprensa, entre outros profissionais ligados às áreas da gastronomia, alimentação, produção, agricultura, nutrição, e também áreas científicas de estudo e pesquisa. “O nosso objetivo é que o festival “Soil to Soul – Somos o que comemos” em Portugal seja um evento bianual no município do Alandroal, no Alentejo, a par das atividades e eventos que promovemos na Suíça, e cujas boas práticas queremos sempre partilhar. Esta troca de experiências e culturas permite dar mais visibilidade ao movimento, e isso é para nós uma prioridade, porque sabemos que pessoas informadas podem tomar decisões mais acertadas”, partilha Thomas Sterchi.

A agricultura regenerativa, sistema de produção de alimentos centrado na nutrição e na regeneração dos solos, na proteção do clima, dos recursos hídricos e na melhoria da produtividade e da rentabilidade das explorações agropecuárias, tem vindo a ganhar relevância e tem sido objeto de debate e reflexão por parte de especialistas da área. Esta regeneração, e o subsequente aumento da biodiversidade, juntamente com uma utilização inteligente dos recursos hídricos, a promoção de sinergias com os ecossistemas, e o reforço da resistência das culturas, são a base deste tipo de agricultura. ​“À medida que cultivamos e organizamos a nossa forma de consumo, o tapete ecológico está a ser puxado por nós mesmos. É urgente ganhar consciência coletiva”, conclui Thomas Sterchi.

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