O mundo da música mudou para sempre a 10 de janeiro de 2016. Apenas dois dias depois da edição de Blackstar, o último álbum de David Bowie, a notícia da morte do artista londrino provocou uma perturbadora surpresa entre fãs, admiradores e conhecedores da sua música. Foi quase tão chocante como a sua carreira, feita de experimentalismos sonoros, de ruturas e de um modernismo avassalador.
Bowie também arranjava alguma publicidade ao liderar uma organização chamada Liga para a Prevenção da Crueldade contra os Homens de Cabelo Comprido. Fez com que fosse falado nos jornais, mas não com que aparecesse nos tops. Depois de o seu cabelo tê-lo afastado do programa pop da BBC Gadzooks! It’s All Happening, conseguiu protagonizar uma polémica suculenta nos tabloides. O produtor estava por dentro da tramoia, claro (mais tarde garantiu que a ideia fora sua), e forneceu à imprensa citações revoltadas, prometendo cancelar a atuação dos Manish Boys a menos que o cantor cortasse as melenas. No Daily Mirror, sob a manchete «Discussão por Causa do Cabelo de Davie», o artista declarava: «Não cortaria o meu cabelo pelo primeiro-ministro, muito menos pela BBC. A minha namorada também não gosta do meu cabelo. Talvez seja porque, quando estamos juntos, eu seja convidado mais vezes do que ela para sair.»
Rob Sheffield é editor da Rolling Stone, onde tem escrito sobre música, televisão e cultura pop desde 1997. Sheffield é igualmente autor dos bestsellers internacionais Love Is a Mix Tape, Talking to Girls About Duran Duran e Turn Around Bright Eyes. Sobre Bowie é o seu livro mais recente. Vive com a mulher em Brooklyn.