A falta de competências digitais está a aumentar a clivagem entre os países de altos rendimentos e o resto do mundo, de acordo com uma pesquisa do Grupo Adecco, empresa líder mundial em soluções de RH, em parceria com o INSEAD e a Google.
O Global Talent Competitiveness Index (GTCI) 2020, lançado no Fórum Económico Mundial em Davos, revela que a Suíça continua a liderar o mundo em competitividade de talentos, mantendo o primeiro lugar desde que o Índice foi lançado em 2013, e os EUA passam de terceiro lugar para o segundo, empurrando Singapura para baixo um lugar, em comparação com 2019. Portugal ocupa o 28º lugar, à frente de Espanha que ocupa o 32º
No geral, os países de altos rendimentos dominam os 25 principais e o índice mostra que esses “campeões de talentos” estão a acelerar a sua distância face ao resto do mundo. Essa divisão está a ser intensificada pelo aumento da Inteligência Artificial (IA) e pela lacuna de competências digitais associada, que emergiu entre as indústrias, os setores e as nações.
Reconhecendo essa incompatibilidade de competências e a importância de investir em capital humano, o Grupo Adecco compromete-se formar e a reciclar cinco milhões de pessoas até 2030. O impulso de capacitação será liderado pelo braço de formação e desenvolvimento do Grupo, o General Assembly, especializado em dotar indivíduos e equipas com as competências digitais mais requisitadas da atualidade, incluindo ciência de dados, codificação e capacidades de aprendizagem de automação.
Comentando o Índice 2020, o CEO do Grupo Adecco, Alain Dehaze, afirmou:
“À medida que máquinas e algoritmos continuam a afetar uma multiplicidade de tarefas e responsabilidades e quase todos os trabalhos são reinventados, ter o talento certo nunca foi tão crítico. Hoje, robôs e algoritmos viajaram para além do nível fabril e estão a funcionar na frente das casas, no back-office e nas sedes das empresas. Em todos os níveis, os trabalhadores precisam de formação para aprimorar “capacidades humanas” por excelência – adaptabilidade, inteligência social, comunicação, resolução de problemas e liderança – que complementarão a tecnologia.
Esta década será caracterizada por uma revolução de requalificação com foco nas competências de fusão’ – permitindo que humanos e máquinas trabalhem em harmonia num modelo híbrido. Com isso em mente, o Grupo Adecco compromete-se a formar e reciclar cinco milhões de pessoas em todo o mundo até 2030 – dotando os indivíduos com competências futuras que lhes permitirão prosperar na era da IA. ”
O tema central do relatório GTCI 2020 é o talento global na era da IA. Notavelmente, o relatório constata que mais da metade da população no mundo em desenvolvimento não possui competências digitais básicas e que a lacuna de competências digitais está apenas a aumentar, com alguns países a progredirem muito rapidamente, enquanto a maioria do mundo em desenvolvimento fica para trás.
Novas abordagens estão a ser testadas e experimentadas para encontrar o equilíbrio ideal, onde pessoas e tecnologia podem trabalhar lado a lado e prosperar no local de trabalho do futuro. À medida que essas novas colaborações continuam a ser desenvolvidas, a competitividade global de talentos está a ser redefinida, com as nações a esforçarem-se para ficarem posicionadas como líderes da revolução da IA. Embora a lacuna de competências digitais seja significativa e continue a aumentar, a análise do relatório constatou que a IA poderia oferecer oportunidades significativas para os mercados emergentes “ultrapassarem”.
Por exemplo, as análises longitudinais da competitividade de talentos revelam que alguns países em desenvolvimento, como a China, a Costa Rica e a Malásia, têm o potencial de tornarem-se ‘campeões de talentos’ nas suas respetivas regiões. Enquanto isso, outros países como o Gana e a Índia aprimoraram as suas capacidades de desenvolver, atrair, crescer e reter talentos nos últimos anos, conquistando o status de “movedores de talentos”.
Olhando para as cidades, Nova Iorque lidera o ranking este ano, seguida por Londres, Cidade de Singapura, São Francisco e Boston. A posição de liderança de Nova Iorque pode ser atribuída ao seu forte desempenho em quatro dos cinco pilares medidos na pesquisa, especificamente nas categorias “Enable”, “Attract”, “Grow” e “Global Knowledge Skills”.
Geralmente, as cidades com uma capacidade comprovada de “disponibilidade futura” têm uma classificação alta, com atividades em áreas como IA, fintech e medtech, favorecendo o desempenho de talentos dos cinco primeiros. Muitas cidades estão cada vez mais a experimentarem novas ferramentas baseadas em IA, como reconhecimento facial, videovigilância e veículos autónomos. O sucesso varia entre as cidades, mas aqueles que se saem bem surgirão como hubs de IA com o pool de talentos para implementar, de forma sustentável, soluções globais.
Sobre o Índice de Competitividade Global de Talento 2020 (GTCI)
Na sua 7ª edição, o Global Talent Competitiveness Index (GTCI) é uma ferramenta anual de benchmarking que classifica os países e as principais cidades na sua capacidade de desenvolver, atrair e reter talentos. Desenvolvido em 2013 pelo INSEAD em parceria com o Grupo Adecco, o relatório fornece uma ferramenta para governos, cidades, empresas e organizações sem fins lucrativos, para ajudar a projetar as estratégias de talento, superar diferenças de talentos e ser competitivo no mercado global. O GTCI cobre parâmetros nacionais e organizacionais e gera insights para inspirar ações. O índice deste ano inclui 70 variáveis e abrange 132 países e 155 cidades, em todos os grupos de rendimentos e níveis de desenvolvimento. O GTCI é um índice composto, com base num modelo robusto de variáveis de input-output com o foco em ação, para que os responsáveis políticos e os líderes empresariais se informem e respondam às suas conclusões.
A edição de 2020 aborda o tema do talento global na era da inteligência artificial. O relatório tem como objetivo explorar como o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) não está a mudar apenas a natureza do trabalho, mas também a forçar uma reavaliação das práticas no local de trabalho, estruturas corporativas e ecossistemas de inovação. À medida que máquinas e algoritmos continuam a afetar uma multiplicidade de tarefas e responsabilidades e quase todos os trabalhos são reinventados, o talento certo é necessário não apenas para desempenhar novas responsabilidades e maneiras de trabalhar, mas também para capturar valor dessa tecnologia transformadora. Este tópico está no centro do debate nesta era da Quarta Revolução Industrial, uma vez que a IA tornou-se um divisor de águas em todos os setores e mercados. A educação atual e a aquisição de competências também serão transformadas, o que implica que as estruturas formais e informais de aprendizagem evoluirão para responder às necessidades criadas por esse mesmo mundo impulsionado pela IA.
2020 – Ranking Top 20– Países
Na sétima edição, a Suíça continua a liderar o Índice de Competitividade Global de Talentos 2020, enquanto os Estados Unidos e Singapura ficam em segundo e terceiro, respetivamente, tendo trocado as classificações em relação ao ano passado.
Os três primeiros são seguidos pela Suécia (4º), Dinamarca (5º), Holanda (6º) e Finlândia (7º). O Iémen terminou na parte inferior do índice deste ano em 132º como em 2019, logo abaixo do Congo (130º) e Angola (131º). Como nos anos anteriores, classificações mais altas estão associadas a economias de rendimentos mais altos. Políticas e práticas que trazem competitividade de talentos nos países desenvolvidos são menos suscetíveis à instabilidade política e socioeconómica.
Os países de rendimentos mais altos têm uma infraestrutura estável para investir em formação ao longo da vida, requalificação e desenvolvimento e atração e retenção de talentos globais.
Portugal mantém a 28ª posição do ranking entre os 132 países analisados.
COUNTRY | SCORE | OVERALL RANK (2020) | PREVIOUS RANK (2019) | MOVEMENT |
Switzerland | 81.26 | 1 | 1 | 0 |
United States | 79.09 | 2 | 3 | +1 |
Singapore | 78.48 | 3 | 2 | -1 |
Sweden | 75.82 | 4 | 7 | +3 |
Denmark | 75.18 | 5 | 5 | 0 |
Netherlands | 74.99 | 6 | 8 | +2 |
Finland | 74.47 | 7 | 6 | -1 |
Luxembourg | 73.94 | 8 | 10 | +2 |
Norway | 72.91 | 9 | 4 | -5 |
Australia | 72.53 | 10 | 12 | +2 |
Germany | 72.34 | 11 | 14 | +3 |
United Kingdom | 72.27 | 12 | 9 | -3 |
Canada | 71.26 | 13 | 15 | +2 |
Iceland | 70.90 | 14 | 13 | -1 |
Ireland | 70.45 | 15 | 16 | +1 |
New Zealand | 69.84 | 16 | 11 | -5 |
Austria | 68.87 | 17 | 18 | +1 |
Belgium | 68.87 | 18 | 17 | -1 |
Japan | 66.06 | 19 | 22 | +3 |
Israel | 65.66 | 20 | 20 | 0 |
2020 – Ranking Top 10– Cidades
As principais cidades são aquelas que apresentam bom desempenho nos cinco pilares do espetro de talentos. A cidade que ocupa a primeira posição – Nova Iorque – é uma demonstração disso, sendo uma das 10 principais cidades em quatro das cinco categorias. As cidades continuam a atuar como laboratórios de teste para novas ferramentas baseadas em IA, como o reconhecimento facial, a videovigilância e os veículos autónomos. O sucesso dessas tecnologias varia de uma cidade para outra, resultados que valem a pena ser observados com atenção antes que essas ferramentas possam ser implementadas de maneira sustentável em larga escala e a longo prazo.
Lisboa ocupa a 62ª posição no ranking das 155 cidades com uma pontuação de 46.2 tendo descido acentuadamente (em 2019 ocupava a 45ª posição).
CITY | SCORE | OVERALL RANK (2020) | PREVIOUS RANK (2019) | MOVEMENT |
New York | 73.7 | 1 | 8 | +7 |
London | 71.7 | 2 | 14 | +12 |
Singapore | 71.4 | 3 | 17 | +14 |
San Francisco | 68.1 | 4 | 12 | +8 |
Boston | 66.8 | 5 | 6 | +1 |
Hong Kong | 66.4 | 6 | 27 | +21 |
Paris | 65.7 | 7 | 9 | +2 |
Tokyo | 65.7 | 8 | 19 | +11 |
Los Angeles | 62.8 | 9 | 22 | +13 |
Munich | 61.9 | 10 | 20 | +10 |