Factos e números da Diabetes em Portugal

No quadro europeu, Portugal é um dos países onde o impacto humano e económico da diabetes mais se faz sentir. Já o relatório de saúde de 2014, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), anunciava Portugal como o país da Europa com a mais alta taxa de prevalência de diabetes.

Um milhão de portugueses entre os 20 e os 79 anos tem diabetes tipo 2, metade dos quais está por diagnosticar. Dois milhões apresentam um risco elevado de vir a desenvolver diabetes. Feitas as contas, 40% da população adulta portuguesa encontra-se sob a ameaça da diabetes.

A diabetes é um problema de saúde em crescimento no mundo. Considerada pela Organização Mundial da Saúde como a epidemia do séc. XXI, a diabetes é hoje um dos maiores desafios que se colocam à saúde pública.
O crescimento acentuado da prevalência da diabetes tipo 2 é atribuído, entre outras causas, às rápidas mudanças sociais e culturais ocorridas nas últimas décadas. Uma consequência do estilo de vida contemporâneo que favorece a adoção de comportamentos de risco, como a alimentação pouco saudável (hipercalórica, com alimentos processados e industrializados) e o sedentarismo.
Conhecida como a doença silenciosa, a diabetes tipo 2 é na maioria das vezes assintomática, isto é, pode não apresentar quaisquer sintomas. Se não for diagnosticada e controlada precocemente, a sua evolução pode originar várias complicações como cegueira, amputações, doença renal crónica com necessidade de hemodiálise, AVC e enfarte de miocárdio, entre outras. Para além do forte impacto destas complicações na diminuição da qualidade de vida da pessoa, a taxa de mortalidade associada à diabetes representa, no nosso país, cerca de 4% dos óbitos.

As estatísticas nacionais indicam-nos ainda que, por dia, surgem 150 novos casos de diabetes, 12 mortes associadas à diabetes, 472 internamentos de pessoas com diabetes e 3 a 4 pessoas com diabetes sofrem uma amputação. Adicionalmente, a situação atual dos custos associados ao tratamento da diabetes exige um esforço financeiro considerável, correspondendo a cerca de 1% do PIB português. Se nada for feito, é a sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde que fica posta em causa.

Entre outras estratégias de combate aos números alarmantes da diabetes, é fundamental apostar em programas de promoção da saúde e de prevenção, a par com estratégias que possibilitem o diagnóstico precoce, a prevenção das complicações associadas à diabetes e a prevenção das incapacidades provocadas por essas complicações. A abordagem passa, inevitavelmente, por uma mudança estrutural na prestação dos cuidados de saúde, através da existência de uma resposta ambulatória integrada, dirigida às reais necessidades das pessoas com diabetes.

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), ao longo dos seus 90 anos, tem procurado materializar este conceito. A APDP é uma instituição associativa que dispõe de uma clínica de diabetes única no país, constituída por uma equipa multidisciplinar que acompanha as pessoas com diabetes nas diferentes especialidades associadas à doença (diabetologia adultos, diabetologia crianças e jovens, oftalmologia, cardiologia, nefrologia, urologia, pé diabético, nutrição, apoio psicológico e saúde mental, saúde reprodutiva, entre outras). Paralelamente, desenvolve projetos e campanhas públicas de consciencialização sobre a problemática da diabetes.
Fundada em 1926 pelo médico Ernesto Roma, a APDP preserva no seu programa a missão enunciada nos seus primeiros estatutos: Combater por todas as maneiras possíveis a diabetes e as suas consequências.

João Filipe Raposo
Diretor Clínico da APDP

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