Fibrilhação Auricular

Dra. Ana Correia Azevedo, Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar

A Fibrilhação Auricular é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo. Muitas vezes silenciosa, esta arritmia caracteriza-se pela irregularidade e pela rapidez dos batimentos cardíacos. Se não for controlada, a Fibrilhação Auricular pode provocar AVCs, insuficiência cardíaca, demência ou mesmo a morte. A alteração dos hábitos nocivos e a medicação podem diminuir as complicações e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida.

Em Portugal, um estudo revelou que um em cada dez portugueses com mais de 65 anos desenvolve Fibrilhação Auricular. Com o aumento da esperança média de vida, estima-se que a prevalência da Fibrilhação Auricular venha, também, a aumentar

A importância do diagnóstico precoce

A Fibrilhação Auricular pode causar sensação de palpitações, falta de ar ou cansaço. Contudo, frequentemente, pode ser assintomática. Assim, particularmente após os 65 anos, será fundamental visitar o seu médico para vigilância da sua saúde e avaliação do seu ritmo cardíaco. Deve, também, fazer a palpação periódica do seu pulso radial, colocando a mão na região do punho e avaliando a pulsação durante um minuto. Nesse período de tempo, a pulsação deve ser rítmica e regular.

Tratamento

Algumas das complicações da Fibrilhação Auricular podem ser reduzidas, de forma significativa, através de fármacos, entre eles, os anticoagulantes. Em Portugal, tal como no resto da Europa, as normas recomendam a prescrição de um anticoagulante oral direto (DOAC) para a maioria dos doentes com Fibrilhação Auricular. Embora relativamente recente, esta classe farmacológica conta com diferentes soluções que permitem ao médico adaptar a prescrição a cada doente, selecionando a opção que melhor se ajusta às suas características individuais.

Estes novos medicamentos têm a vantagem de não precisarem de monitorização periódica (“controlo de sangue”), terem rápido início e fim de ação, e de serem de dosagem fixa. Podem ser tomados uma ou duas vezes por dia e, se por um lado a toma única diária permite aumentar a adesão ao tratamento, por outro lado o esquema de duas tomas minimiza o impacto se houver um incumprimento inadvertido na toma do medicamento.

Um diagnóstico atempado e a medicação adequada são fundamentais para o controlo da Fibrilhação Auricular. Recomenda-se, por isso, atenção aos sintomas, ao pulso e o cumprimento escrupuloso da medicação prescrita pelo médico.

Fatores de risco

A abordagem holística do doente com Fibrilhação Auricular implica o tratamento anticoagulante para evitar o AVC, implica melhorar o tratamento dos sintomas e implica otimizar doenças associadas. Devemos estar atentos a fatores que a podem provocar. Se alguns deles não controlamos, como a idade, outros poderão ser otimizados (ou mesmo anulados) de forma a viver uma vida mais saudável.

  • Hipertensão arterial;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Doença valvular;
  • Doença coronária;
  • Diabetes;
  • Tabagismo;
  • Obesidade;
  • Apneia do sono.

Não descure os sintomas

Apesar de, na maioria dos casos, ser assintomática, a Fibrilhação Auricular pode dar alguns sinais como palpitações, pulsação rápida e irregular, tonturas, sensação de desmaio, dificuldade em respirar, cansaço ou aperto no peito. Estar atento é fundamental para um diagnóstico e tratamento atempados, evitando uma das complicações temidas (e também uma das mais frequentes) desta arritmia: o AVC.

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