Herdade do Cebolal: um projeto cada vez mais amigo do ambiente

A Herdade do Cebolal, projeto familiar desde há 150 anos, gerida atualmente pelos produtores Isabel Lufinha Mota Capitão e o filho, Luís Lufinha Mota Capitão, têm passado os últimos anos a mudar a forma de trabalhar a agricultura na costa alentejana.

Durante a apresentação de quatro vinhos, Luís Capitão explicou que a herdade constituída por 85 hectares dos quais 20 são vinhas e 65 são de floresta, estão a ser convertidos gradualmente numa agricultura de baixa intervenção química estando os processos agrícolas a ser modificados de forma a combater vários problemas ambientais como o aquecimento global, os aspetos negativos das monoculturas intensivas, o aparecimento de pragas, o abandono da população na região, entre outros.

“Na viticultura temos melhorado a regeneração dos solos a partir do uso de leguminosas (favas, ervilhaca, tremoço, centeio, aveia, trigo…), matéria orgânica animal e vegetal e fertilização através de recursos naturais de forma a melhorar a estrutura do solo e melhor desenvolvimento da sua microbiologia. Temos igualmente melhorado não só o património das castas na herdade usando o banco clonal das diversas castas existentes na vinha, como também estamos a usar castas autóctones resistentes às pragas e à seca que têm surgido nos últimos anos no país e na nossa região”

Também na silvicultura, a herdade está a desenvolver e criar uma floresta diferente através dum trabalho em “networking” e de intercâmbio com a vinha. “Estamos a desenvolver uma agricultura sintrópica, de forma a criarmos uma sintropia entre as várias culturas e ao mesmo tempo criarmos vários microclimas, ecossistemas diferentes e distintos, que mais tarde se irão reflectir nos vinhos produzidos na herdade. Este tipo de agricultura de sinergias e de sintropia protege a vinha de vários problemas como o escaldão da uva na própria planta, permite que a planta tenha uma sistema hídrico natural e estável evitando o uso excessivo da água através da rega gota-gota, deste modo a planta desenvolverá uma maturação do bago da uva mais estável.”

Um dos objetivos para as próximas duas décadas será retirar gradualmente a vinha da monocultura e aumentar a biodiversidade da herdade e criar um conceito de vinhos de “terroir” ou vinhos de vinha numa lógica mais autêntica e genuína”.

História dos 4 vinhos apresentados

Além do desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável e amiga do ambiente, a Herdade também tem tido a preocupação de embalar o produto em materiais ecológicos. Os quatro vinhos apresentados foram rotulados com um papel reciclado. “Utilizamos rolha de cortiça produzida no Alentejo. As cápsulas no Herdade do Cebolal Clarete, Herdade do Cebolal “Vinha da Casa Branca” e do Herdade do Cebolal “Vinha do Rossio” foram substituídas por um lacre feito de cera de abelha produzida na herdade ou proveniente de apicultores da região. Nos últimos anos temos utilizado em todos os vinhos doses baixas de sulfitos (30 a 60mg), reduzimos a taxa de açúcar e também temos procurado diminuir a percentagem de álcool (10,8 % a 13%).”

Herdade do Cebolal Palhete 2020 – Casta: 15% Antão Vaz e 85% Aragonês

O vinho palhete é um conceito que esteve sempre relacionado com o mundo do vinho em Portugal. Era um vinho produzido pelos lavradores, bebido nas garagens das adegas e/ou vendido nas tasquinhas mais típicas do Alentejo.

É um vinho com mistura de uva branca com uva tinta. Este vinho bebia-se no próprio ano com um teor alcoólico baixo e com uma quantidade de sulfitos baixa.

Nos últimos dois anos a Herdade recuperou este estilo de vinho porque na sua opinião “faz todo o sentido face ao clima e à gastronomia do nosso país”.

Utilizam as castas Antão Vaz e Aragonês porque, dizem, “conseguimos tirar partido do melhor das duas castas. O Antão Vaz, como casta branca, dá-nos alguma complexidade e uma boa frescura; o Aragonês é uma casta tinta que nos dá um tanino fino e elegante, um amargor ligeiro muito interessante no bouquet do vinho e por fim uma acidez bastante atraente”.

Herdade do Cebolal Clarete 2019 – Casta: Castelão

O clarete como o nome diz é um vinho com uma tonalidade mais clara. Como fazem parte da região vitivinícola da Península de Setúbal optaram por utilizar a casta Castelão para mostrar um estilo diferente do que se tem desenvolvido na região. “Estamos a falar duma vinha velha plantada em solos de argila, mármore e calcário o que lhe dá um caráter muito distinto do que é normal nos vinhos de Setúbal e Palmela. Este vinho não precisa estagiar em barrica porque o próprio terroir já lhe confere um estilo terroso e fumado”. É um vinho cujo perfil lhe permite ser bebido tanto no inverno como no verão.

Herdade do Cebolal “Vinha da Casa Branca” 2018 – Blend de Vinha: Encruzado, Arinto e Antão Vaz

Este branco chama-se Vinha da Casa Branca, nome da vinha de 7 anos e que tem no seu subsolo uma gema de sal a uma profundidade de cerca de 100 metros em consequência da presença do mar no local.

Herdade do Cebolal “Vinha do Rossio” 2016 – Blend de Vinha – 13 castas autóctones da região (Mistura de Castas)

Esta vinha chama-se Rossio porque dentro da própria parcela da vinha os antepassados da família criaram um corredor onde se organizavam não só as reuniões com o pessoal da vindima como era também o local onde o rancho parava para almoçar. O Rossio era o local onde as pessoas partilhavam ideias e confraternizavam umas com as outras.

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