Existem estabelecimentos que despertam em nós memórias, o nosso imaginário. Quando entramos no Pabe entramos num outro mundo, num outro tempo onde o tempo não passa, mas a história acontece. O Pabe, com mais de 47 anos de história regressou depois de ter estado fechado durante um ano. Abriu mantendo a traça e a alma que sempre o caracterizaram, com as suas salas de típico ambiente de Pub inglês. A decoração está renovada e o espaço em si está mais fresco e com mais luz. O receio que alguns clientes mostraram durante o processo de renovação e restauro não se concretizou. “O Pabe foi remodelado com pinças”, diz um dos empregados mais antigos do restaurante de luxo lisboeta. O Sr. Almiro está há 22 anos no restaurante e é um dos chefes de sala.
O Pabe continua o mesmo restaurante carismático que durante anos foi testemunha silenciosa de segredos e negócios. Dizem que foi ali, numa mesa escondida por um recanto à direita de quem entra que foi formado o PSD, então PPD – ainda hoje alguns dos envolvidos no processo continuam clientes e a aparecer no Pabe. A mesa de Pinto Balsemão, como é conhecida, recebia também outras personalidades ligadas ao jornal Expresso que tinha ali perto a sua redação.
A primeira sala a que se tem acesso, depois de passar o pequeno átrio de entrada, é a de fumadores e a mais icónica onde está o balcão onde se podem ver as conhecidas canecas e alguns dos bonecos que replicam alguns ilustres, casos de Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Fernando Pessoa ou o já referido Pinto Balsemão.
O Pabe, cuja capacidade é de 98 pessoas, tem uma outra sala para não fumadores que se esconde atrás de umas portas, com mais clientes mas o carisma não é igual, por isso, mesmo que não seja fumador, experimente sentar-se na primeira sala. Só com azar é que apanha alguém a fumar perto de si.
A carta gastronómica, criada por Luís Roque sob a orientação da nova gerência, é toda nova e baseada na cozinha portuguesa. Pensada na cozinha de conforto, mas com uma apresentação mais moderna.
Além da apresentação da carta, o empregado que nos atendeu deu a conhecer algumas das especialidades da casa como as vieiras, a sapateira ou o escabeche de perdiz e apresentou uma montra sobre rodas onde os peixes mais frescos brilhavam. Optámos pelas especialidades para entrada: sapateira do Pabe, um prato cheio de cor e de sabor, e também pelas Vieiras braseadas com espargos verdes, cogumelos e presunto crocante. Mas antes provámos o amuse-bouche sugestão do Chef: um vol au vent com barriga de leitão com salada.
Para prato principal a escolha recaiu sobre os pratos do dia, na ocasião foram pregado frito com arroz de ameijoas e estufado de borrego. Dois pratos que nos deixaram com uma sensação agradável de conforto e muito saborosos. No arroz de amêijoas, cremoso e saboroso, não faltavam aqueles bivalves.
Se até ali os sabores eram deliciosos, o twist surgiu no final da refeição, com as sobremesas: um Conventual à Pabe, um pudim de gila, amêndoas e ovos com gelado de tangerina, e a caravela portuguesa, um doce que conta a história das descobertas portuguesas. A massa filo caramelizada lembram as velas das embarcações, o creme de ovo representa o caminho marítimo, o gelado de coco e os pedaços de coco com folhinhas de coentro, o toque de cominhos representam África e as especiarias vindas do Oriente.
Um final de refeição que surpreendeu.
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