Restaurante Legaaal uma opção para uma noite diferente

Rua da Rosa: uma das mais icónicas e compridas ruas do Bairro Alto. Cheia de bares e restaurantes, concorrida, principalmente ao fim do dia. Não faltam pessoas: estrangeiros ou nacionais, que vão ou vêm de algum restaurante ou bar. Há sempre um certo ambiente boémio por ali. É nessa rua que está o restaurante Legaaal que logo na entrada chama a atenção pela enorme escultura em cera derretida onde algures escondido está um castiçal com velas ardentes. O restaurante comporta 40 pessoas, dando-lhe uma dimensão intimista que as velas e a restante iluminação também ajudam a criar, no entanto não é esse o ambiente habitual. Normalmente o Legaaal acompanha o frisson da rua com música e um ambiente animado. Algo que também se vê na decoração, onde um grafiti com o nome do restaurante salta à vista numa das paredes e todo o mobiliário tem um ar vintage.

Mas às vezes o destino prega-nos partidas e tudo muda o que não é necessariamente mau. Apenas diferente. Uma outra experiência. Foi o que aconteceu quando visitámos o Legaaal. Depois de uma tarde como todas as outras, já que o restaurante, que se assume também como loja de vinhos com mais de 200 referências, abre de tarde, sendo das 16h às 19h um wine bar, tudo estava a postos para começar o serviço da noite, dos jantares cuja cozinha fecha habitualmente às 23h, o restaurante em si encerra às 2h. Mas quando pouco antes das 20h, quando nos preparávamos para escolher os nossos pratos da ementa do Legaaal tudo escureceu. Uma avaria geral afetou uma parte da rua da Rosa e, consequentemente, os estabelecimentos instalados nessa zona. A única luz que havia na sala era a das muitas velas que fazem parte da decoração, algumas são verdadeiras esculturas tal a quantidade de cera derretida acumulada que já têm. Estas esculturas de cera, a luz amarela das velas juntamente com os arcos abatidos, acabaram por emprestar um certo ar gótico ao restaurante.

Nesse serão não houve música a animar o ambiente e tudo foi diferente do habitual. A chef Jerusa foi quem esteve aos comandos de uma cozinha sem eletricidade durante duas horas, à luz de uma vela e com uma temperatura acima do normal. Portou-se como uma guerreira. A ementa ficou limitada aos pratos que podiam ser feitos nos bicos de gás e nesse dia só jantou quem tinha feito reserva. Uma decisão difícil tomada pelo gerente Paulo Cruz, que, por definição, quer ter sempre a casa cheia.

Mas apesar das limitações impostas por imprevistos alheios à sua vontade, a equipa do restaurante conseguiu servir todas as mesas, na sua maioria compostas por estrangeiros. Ninguém saiu quando a luz faltou. Havia um casal inclusive que era a terceira noite seguida que escolhia o Legaaal para jantar.

Nós também ficámos e ainda bem.

Enquanto os pratos escolhidos não chegavam, fomo-nos entretendo com o couvert composto por manteiga de ervas, pasta de azeitonas (tapenade) e rilletes de atum.

A carta do Legaaal começou por apresentar uma fusão entre as gastronomias francesa e portuguesa, e por isso encontrámos pratos como o filé de entrecôte maturado, ou o foi egras de pato rougié com alperce assado, fricassé de lulinhas, o creme brulée, entre outros de inspiração francesa. Mas a ideia é aproximar cada vez mais a portugalidade e por a nova carta introduz mais pratos portugueses onde o bacalhau terá o seu espaço.

Experimentámos, como início de refeição, um dos best-sellers, o tártaro de polvo, que estava muito fresco, e a entrada “conforme o humor do chef”, um conceito criado na carta em que o comensal não sabe o que é o prato porque vai mudando. “Conforme o humor do chef” nesse dia era gaspacho com gamba e pão torrado.

Como prato principal escolhemos o risotto de marisco com camarão de Madagáscar, muito cremoso e saboroso, e o filé de entrecôte maturado com molho bearnaise e batatas gratin que também esteve à altura dos padrões exigidos.

No final da refeição não pudemos experimentar uma das sobremesas-estrela e que é o petit gateau de chocolate, mas não ficámos mal servidos com o creme brulée e com a mousse de chocolate e laranja do Algarve.

Foi uma experiência diferente mas, tendo em conta as limitações, acabou por ser bastante aprazível e agradável.

Fotos: @paulo barata

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