Setor do retalho regista maior equilíbrio no crescimento e rentabilidade

  • Receitas das 250 maiores empresas de retalho do mundo atingem os 4,4 biliões (1012) de dólares no ano fiscal de 2016
  • Wal-Mart, Costco Wholesale, The Kroger, Schwarz Group e Walgreens Boots Alliance mantêm a liderança no ranking global
  • Amazon sobe 4 posições e reforça a sua presença no top 10 mundial
  • Jerónimo Martins e Sonae sobem oito posições, alcançando a 56ª e 167ª posições, respetivamente

As receitas agregadas das 250 maiores empresas de retalho a nível mundial atingiram os 4,4 biliões (1012) de dólares no ano fiscal de 2016 (correspondente ao exercício encerrado até junho de 2017), um crescimento de 4,1% face ao ano anterior, de acordo com o estudo Global Powers of Retailing 2018: Transformative change, reinvigorated commerce da Deloitte.

A liderar o ranking global continuam a Wal-Mart, Costco Wholesale, The Kroger, Schwarz Group e Walgreens Boots Alliance. As maiores alterações registam-se nas restantes posições do top 10, devido a uma combinação de fatores que incluem crescimento orgânico, processos de aquisição e variações na taxa de câmbio. Destaca-se nesta edição a subida da norte-americana Amazon.com, do 10º para o 6º lugar, com receitas de perto de 100 mil milhões de dólares, e a entrada da CVS Health para o lugar da Tesco, que deixa de estar entre os 10 maiores retalhistas do mundo. O top 10 passa a representar 30,7% da receita total das 250 maiores retalhistas (30,4% no ano passado).

“O retalho beneficiou de um clima económico favorável, com a generalidade das principais economias mundiais e emergentes a apresentarem crescimento. O setor enfrenta, contudo, ameaças significativas, como a crescente desigualdade no rendimento das famílias, a possível introdução de medidas protecionistas em mercados como os Estados Unidos e o Reino Unido e o abrandamento das políticas monetárias expansionistas pelos principais bancos centrais”, explica Luís Belo, sócio e líder da indústria de Retalho e Bens de Consumo da Deloitte.

Pela primeira vez em quatro anos, os maiores retalhistas de moda e acessórios não lideram o crescimento das receitas, mas continuam a ser o setor mais rentável. Já os retalhistas alimentares continuam a ser as empresas de maior dimensão, com uma média de receitas de cerca de 21,7 mil milhões de dólares, e com maior representatividade no ranking (135 retalhistas representam mais de metade das 250 maiores empresas e dois terços das receitas agregadas).

Ranking global, ano fiscal de 2016

Ranking Empresa País de origem Receitas no FY16
(US$ milhões)
1 Wal-Mart Stores, Inc. EUA 485,873
2 Costco Wholesale Corporation EUA 118,719
3 The Kroger Co. EUA 115,337
4 Schwarz Unternehmenstreuhand KG Alemanha 99,256
5 Walgreens Boots Alliance, Inc. (antes Walgreen Co.) EUA 97,058
6 Amazon.com, Inc. EUA 94,665
7 The Home Depot, Inc. EUA 94,595
8 Aldi Einkauf GmbH & Co. oHG Alemanha 84,923e
9 Carrefour S.A. França 84,131
10 CVS Health Corporation EUA 81,100
Top 10 1,355,656
56 Jerónimo Martins, SGPS, S.A. Portugal 16,174
167 Sonae, SGPS, SA Portugal 5,669
Top 250 4,410,828

A posição da Europa e de Portugal no ranking

A presença europeia volta a cair no ranking deste ano, com 82 empresas no top 250 (85 no ano fiscal de 2015, 93 em 2014), aumentando a distância face à liderança da América do Norte. Ainda assim, os retalhistas europeus continuam a ser os mais ativos na expansão fora do seu mercado doméstico, tendo realizado perto de 41% do seu volume de negócios em mercados externos, quase o dobro da média do ranking global.

A nível nacional, a Jerónimo Martins e a Sonae registaram uma evolução significativa da sua posição no ranking. A Jerónimo Martins é hoje o 56º maior retalhista mundial (64º na edição anterior), a sua melhor posição de sempre, fruto de um crescimento de cerca de 6,5% no seu volume de negócios, para o qual contribuíram todas as geografias e insígnias do grupo. A Sonae ascendeu ao 167º lugar (175º na edição anterior), tendo os proveitos gerados pelo negócio de retalho ultrapassado, pela primeira vez, a fasquia dos 5 mil milhões de euros. Face ao ano anterior, as vendas cresceram mais de 12%, fruto de crescimento orgânico e de aquisições como a Salsa e o Go Natural.

“A subida de oito lugares no ranking por parte de ambas as empresas é um marco assinável, sobretudo por ocorrer num ano (2016) em que o Euro se manteve relativamente estável face ao dólar norte-americano” afirma Pedro Miguel Silva, sócio da indústria de Retalho e Bens de Consumo da Deloitte.

As principais tendências do setor do retalho

O estudo Global Powers of Retailing 2018 analisou também a forma como as vantagens competitivas neste setor estão a ser redefinidas neste ambiente de acelerada mudança. A inovação, colaboração, integração e automação serão condições essenciais para renovar o comércio ao influenciarem profundamente o modo como os retalhistas operam atualmente e irão operar no futuro.

As quatro principais tendências identificadas pelo estudo são:

Desenvolvimento de competências digitais de elevado valor. Os retalhistas a nível global estão a adaptar-se ao novo tipo de consumidor – cada vez menos fiel a um só canal, valorizando um processo de compra cada vez mais fluído que alterna entre o online e o offline.
Combinação de canais para recuperar o tempo perdido. Os retalhistas que não acompanharam as tendências do digital estão a tentar recuperar o tempo perdido, investindo fortemente nesta área.
Criação de experiências em loja que sejam únicas e envolventes. As lojas físicas de retalho não vão desaparecer; 90% das vendas mundiais em retalho são ainda feitas nas lojas físicas. Contudo, e para concorrer com a conveniência e a infindável variedade de escolha que é oferecida online, é crucial haver na loja experiências com significado para o cliente e envolvimento com a marca.
Reinvenção do retalho com as mais recentes tecnologias. A Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), a inteligência artificial, a realidade aumentada e virtual, e a robótica devem estar no radar de todos os retalhistas.

“É um momento de transformação para o retalho. Capacitado pela tecnologia, o comprador está claramente no comando, mantendo-se constantemente conectado e estando mais habilitado do que nunca para conduzir a sua jornada de compra onde, quando e como quer”, destaca Pedro Miguel Silva, da Deloitte. “Perante a ameaça de disrupção, os retalhistas têm vindo a abraçar o omnicanal como o padrão do processo de compra, dando aos consumidores mais informação, conveniência e variedade nos canais e momentos de contato da sua escolha.”

Na sua 21ª edição, o estudo anual Global Powers of Retailing da Deloitte identifica os 250 maiores retalhistas do mundo e analisa o desempenho obtido pelo setor, ao nível do volume de negócios, crescimento e rentabilidade nas várias geografias, segmentos de atividade e formatos de loja.

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