Uma viagem desde os sabores do Alentejo ao Sushi (2)

Duas refeições, duas viagens… uma de exploração dos sabores frescos e aromáticos do Alentejo. Outra de descoberta dos sabores asiáticos do Japão, embora com alguma ligação nacional.

O restaurante Sabor do Alentejo no Hotel Muralhas foi o destino do nosso jantar de sexta-feira. Apesar da grande oferta de restaurantes, alguns de renome, em Évora, a sala de jantar da unidade estava surpreendentemente cheia e o chefe de sala e empregados não tinham mãos a medir numa noite em que o hotel tinha 190 hóspedes nos seus 91 quartos. Apesar da azáfama inesperada, tudo correu bem, a comunicação entre a sala e a cozinha foi bem feita e não houve tempos de espera desmesurados nem pedidos trocados.

O gaspacho alentejano, precedido de um irresistível pão alentejano beijado por azeite alentejano, deu o mote a uma longa refeição que foi no mínimo inolvidável. Na ausência do Chef António Nobre, a cozinha ficou entregue a dois sub-chefs e a verdade é que fiou muito bem entregue pois todos os pratos provados estavam saborosos e bem confeccionados.

Tomate, pepino, pimento verde e vermelho, cebola, orégãos….tudo cortado miudinho e envolto num molho equilibrado de sabores suaves onde nem o azeite ou o vinagre eram dominantes, acompanhado por pão torrado. Um precioso início de refeição regado com um vinho branco Montes Claros reserva de 2011 de Borba.

O festim de sabores alentejanos continuou com uma saborosa sopa de cação. O rei da iguaria é servido sem cartilagens acompanhado por dois pedaços de pão. Se a refeição tivesse terminado ali, já ficaríamos felizes… mas continuou com umas migas de espargos com lombinho de porco com massa de pimentão e laranja.

A apresentação do prato de carne tornou impossível a resistência e depois de provado, menos ainda. Uma explosão de sabores e texturas em que a carne estava no ponto de cozedura certo, mantendo todos os seus sucos.

O prato de carne foi, por sua vez, acompanhado por um vinho tinto Monte da Peceguinha da Herdade da Malhadinha Nova. Um vinho alentejano em que os 14º não se sentem. O vinho, produção de 2012, é um blend das castas Touriga Nacional, Aragonez, Alicante Bouschet, Trincadeira e Syrah.

Depois de rendidos a uma refeição opípara, chegou o epílogo: um trio de sobremesas típicas alentejanas composto por uma colher de sopa dourada, sericaia e encharcada.

Depois de experimentarmos os pratos servidos no restaurante do M’ar de Ar Muralhas, não é de surpreender que a sala estivesse tão composta. Além de servir uma cozinha típica saborosa, o serviço também não desilude estabelecendo-se uma boa relação qualidade/preço.

No dia seguinte a viagem gastronómica levou-nos até ao Oriente e fomos descobrir a arte do sushi do chef Kenzo no Sushi-bar do hotel M’Ar de Ar Aqueduto, o 5-estrelas do grupo M’Ar de Ar, também em Évora, que se distingue por ser uma adaptação do antigo Palácio dos Sepúlveda: Um edifício quinhentista do qual a unidade conserva uma capela, tectos em abóbada e três janelas manuelinas na fachada principal. O edifício esconde no seu interior um belíssimo hotel design de 64 quartos e um SPA, onde o pé direito ‘não tem fim’.

Pouco antes de partir de regresso a casa, a opção de não beber álcool foi óbvia, apesar de não termos resistido a provar um aperitivo composto por um porto branco Burmester.

Entregámo-nos às escolhas do Chef que nos serviu um tártaro de salmão como entrada. Fresco e suave para começar…

Depois seguiu-se um festival de sabores japoneses que por vezes se fundiam com os portugueses. Aliás, segundo a informação do chef, alguns dos pratos mais populares são uma fusão ou ‘adaptação’ ao paladar ocidental, para facilitar a entrada da gastronomia japonesa no ocidente. O California Roll foi um desses casos, surgiu nos Estados Unidos para cativar o paladar dos norte-americanos.

Na ementa do Sushi-bar um desses casos de fusão de sabores ocidentais e orientais está presente, por exemplo, no Sunshine, um prato quente constituído por um rolo de arroz panado, salmão e queijo philadelphia.

O almoço de descoberta continuou depois com um combinado de sushi e sashimi com diversos peixes que se destacavam pela frescura, um pormenor determinante para um bom resultado, disse o chef Kenzo.

E o almoço que imaginávamos que seria ligeiro, acabou por transformar-se num almoço substancial.

Tudo o que apetecia depois era digerir em sossego, os sabores de um sushi no Alentejo… mas o dever chamava ao regresso.

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Parte 1: M’Ar de Ar de Muralhas, onde o tempo faz uma pausa (1)

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