Doze meses, cinco continentes, 23 países e mais de 120.000 quilómetros percorridos de mala às costas: é este o cartão-de-visita de André Leonardo, um jovem empreendedor que, aos 24 anos, decidiu percorrer o mundo sozinho em busca de histórias inspiradoras e verdadeiros exemplos de empreendedorismo.
O objetivo era claro: relatar a realidade de pessoas que tiveram a coragem de ir em frente com o seu negócio ou projeto e tiveram sucesso. “Pessoas reais, de carne e osso, de várias áreas e classes sociais, que fizeram acontecer”, conta André Leonardo ao nosso jornal. Mas os obstáculos à concretização desta iniciativa foram muitos, e começaram mesmo antes de André dar início à viagem propriamente dita.
“Afinal, como se coloca uma expedição destas de pé? Foram dois anos de trabalho e preparação, por duas razões: em primeiro lugar, não tinha dinheiro nenhum, e em segundo, tive de fazer um trabalho prévio na busca por empreendedores inspiradores”. Por isso, André teve de bater à porta de quase cem empresas à procura de patrocínios, e ainda organizou uma campanha de donativos. “Foi duro, e no final ainda não tinha todo o dinheiro que precisava… mas fui na mesma”.
Fora do país e longe dos seus, André admite ter passado algumas dificuldades, mas nada que se compare ao que lhe aconteceu quando visitou Moçambique. “Fui assaltado e fiquei literalmente apenas com a roupa que tinha no corpo. Tudo para o qual tinha trabalhado desapareceu num piscar de olhos…” Mas não foi isso que o fez abdicar do sonho e voltar a Portugal. “Pessoas de todo o mundo começaram a fazer donativos e, em algumas semanas, consegui comprar não tudo, mas
pelo menos o essencial para seguir viagem… assim foi e assim é a nossa vida. Quantas não são as vezes em que, por nossa culpa ou por um outro fator externo, somos derrubados? Parar? Desistir? Não! Escolho adaptar-me e continuar o meu caminho”.
Nesta sua viagem, o empreendedor açoriano, natural da ilha Terceira, conversou com mais de uma centena de empreendedores em países “tão diferentes como Tanzânia, Nepal, Austrália, Japão, Brasil ou Estados Unidos da América”, onde encarou realidades completamente distintas. “Se na Europa ou na América do Norte estamos habituados a ver um empreendedorismo em que se encontram pequenas brechas no mercado, e onde se planeiam e desenvolvem planos de negócios e estratégias para melhor atacar o mercado, na Índia ou em África vi um empreendedorismo por necessidade, algo extremo. São locais onde, como
costumo dizer, “ou fazem ou fazem”, porque o não fazer acontecer implica não comer”.
Ao fim de um ano, muitas eram as histórias que André Leonardo tinha para contar ao mundo, razão pela qual escreveu e publicou o livro “Faz Acontecer”, que apresentou em setembro do ano passado. Nele relata as histórias mais curiosas e encorajadoras a que teve o privilégio de assistir um pouco por todo o mundo. “Embora o ponto de partida para este livro seja uma volta ao mundo de mochila às costas, procurei falar sobretudo de empreendedores que não viraram a
cara à luta; pessoas que foram em busca de soluções para os obstáculos que lhes iam aparecendo no caminho, que fizeram acontecer”, explica André, que tem uma forma bastante peculiar de definir o conceito de empreendedorismo: “para mim é uma atitude, um estilo de vida, uma forma de ser e de encarar a vida. Ser empreendedor é ser alguém que faz acontecer, seja criando a sua empresa e os seus projetos, seja criando valor trabalhando numa empresa ou até lutando por objetivos pessoais”.
Por fim, André Leonardo deixou uma mensagem de incentivo para todos aqueles que lutam por concretizar os seus sonhos: “neste livro falo de pessoas reais que fizeram acontecer… e se elas fizeram, todos nós podemos fazê-lo”.