O Entretenimento e o ativismo

A transformação digital teve repercussões em diversos setores comerciais, entre eles o dos jogos, potenciando o iGaming, que inclui jogos de casino e de poker online. O volume de negócios deste ramo é muitíssimo expressivo e apresenta sinais de contínuo crescimento, gerando muitos milhões de receita anual.

Estes excelentes resultados económicos são obtidos graças à atividade das plataformas de iGaming, que desenvolveram sítios e aplicações que podem ser acedidas ou descarregadas a partir de PCs e dispositivos móveis, para responder à procura demonstrada pelos jogadores, que permanentemente procuram o melhor software e tecnologia, os jogos mais populares, os melhores torneios, bónus e prémios, bem como a melhor experiência social de jogo, que mais os aproxime de uma experiência numa sala física, com a comodidade de o poderem jogar a qualquer hora e em qualquer local.

No fundo, é esta a fórmula do sucesso do iGaming. E é a busca por ela que motiva as empresas a procurarem sempre tentar fazer mais e melhor, para cativarem os seus clientes.

No caso do poker online, existem opções para todos os tipos de jogadores e apreciadores do jogo. Por exemplo, plataformas como a PokerStars incluem partidas No Limit Hold’em e Hold’em, destinadas aos utilizadores que preferem apostas limitadas. Ao disponibilizar diferentes tipos de torneios, alguns com apostas mistas, dinheiro real ou fictício, a plataforma agrada aos utilizadores profissionais e também quem está a buscar jogos recreativos.

Igualmente disponível na plataforma está a funcionalidade de ligação à plataforma de streaming Twitch, através da qual os jogadores podem assistir a partidas em direto ou em diferido, em diversos canais de jogos, e trocar impressões com outros jogadores no chat.

Ora, é, por um lado, a disponibilidade de apostas de valor médio e elevado em torneios de poker online e, por outro, a já referida revolução digital, que permite a profissionalização de jogadores da modalidade, embora o profissionalismo costume envolver igualmente a participação dos jogadores em eventos físicos de poker, como a European Poker Tour (EPT) ou o World Series of Poker (WSOP). Foi esse o caminho trilhado, por exemplo, por Jennifer Shahade, uma personalidade americana muito popular no mundo do poker e que é verdadeiramente inspiradora, por muitas razões diferentes.

Jennifer Shahade: a rainha do xadrez

Jennifer cresceu numa família de jogadores profissionais de xadrez, tendo vindo a sagrar-se por duas vezes campeã norte-americana de xadrez. Ativista de diferentes causas, Jennifer fundou, em 2007, a fundação sem fins lucrativos 9 Queens, onde dá aulas de xadrez a jovens desfavorecidos, apoiando, especialmente, meninas.

Formou-se em Literatura Comparada e escreve artigos para várias publicações generalistas e temáticas sobre xadrez. Aliás, Jennifer é autora de alguns livros sobre xadrez num tom feminista, pelo que a sua opinião acerca da série da Netflix Gambito de Dama, que aborda as dificuldades de se ser jogadora de xadrez num ambiente marcadamente masculino, é particularmente premente. Jennifer afirmou em entrevistas que a série ilustra bem a complexidade do xadrez, considerando positivo o tempo de antena que a série deu ao jogo, permitindo que mais raparigas tentem carreiras profissionais.

A incursão no poker

Porém, e apesar de todo o conservadorismo que historicamente força as mulheres a abandonarem os jogos de estratégia, em 2013 Jennifer voltou a destacar-se num outro mundo normalmente dominado por homens: desta vez, o do poker. E, uma vez mais, saiu vencedora, tendo ganho vários eventos High Roller, tornando-se também embaixadora de jogos de estratégia da PokerStars.

Ativismo e divulgação de poker e xadrez

Desde essa altura, Jennifer tem dividido o seu tempo entre o xadrez e o poker, dando conferências sobre os dois jogos e exercendo funções de diretora do US Chess Women’s Program, privilegiando sempre uma abordagem de empoderamento feminino nas várias iniciativas em que participa.

Neste sentido, será ainda de destacar os podcasts de divulgação de jogos e feminismo que desenvolve: Ladies Knight (um podcast apoiado pela Federação Americana de Xadrez, onde Jennifer entrevista jogadoras, promovendo a profissionalização feminina) e The Grid (um podcast onde os jogadores profissionais de poker partilham as suas experiências e jogadas.)

Jennifer dá ainda aulas na Run It Once, conceituada academia de formação de jogadores profissionais de poker, sobre como participar de torneios, a escolha ainda conta com canais em algumas plataformas de streaming.

Assim, analisando as potencialidades do poker em salas físicas e online (sendo o segundo viabilizado através da transformação digital), podemos concluir que é possível jogar desportivamente mesmo com dinheiro fictício e ter, ainda assim, uma experiência de jogo muito realista. Por outro lado, para os jogadores mais técnicos e preparados, que estejam dispostos a fazer apostas mais arriscadas, é possível aspirar a encetar uma carreira profissional no poker, sem que tal nos tenha de desligar do mundo que nos rodeia e da defesa das causas certas, como faz Jennifer Shahade.

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