Sónia Isabel Rocha, diretora do Programa de Arte Pública da Sonae Sierra falou ao ShoppingSpirit sobre a próxima edição do VIArtes cujas candidaturas estão abertas aos artistas até 9 de abril. Este ano, pela primeira vez, a participação está aberta também a artistas estrangeiros. O
A Sonae Sierra lançou mais uma edição do VIArtes. Como é que tem sido a evolução desta iniciativa até agora?
A evolução tem sido positiva, destacando-se o envolvimento entre a comunidade artística e o público que passa pela Rua de Santa Catarina, a emblemática rua onde se situa o ViaCatarina Shopping. Desde o lançamento da primeira edição do concurso, há quatro anos, que o ViaCatarina Shopping tem consolidado o seu papel de promotor da arte pública enquanto obra de arte que responde ao público a quem se destina e ao lugar onde será integrado. Temos implementado obras que se revelam veículos de comunicação e de envolvimento com a comunidade residente e visitante da cidade do Porto. Exemplo disto são as obras vencedoras das edições anteriores, que transformaram a fachada do ViaCatarina Shopping num acontecimento cultural e conseguiram captar a atenção de todos, ao trazer uma dimensão contemporânea a uma das mais antigas ruas da cidade.
Qual tem sido o impacto desta ação junto da comunidade artística? Tem cumprido os objetivos?
Sim. E sentimos que o VIArtes, neste processo de consolidação que está a viver, acaba por vir a fazer parte da dinâmica artística da cidade do Porto. Desde a primeira edição do concurso, o ViaCatarina Shopping tem reforçado a sua proximidade com a comunidade artística, principalmente com os artistas mais jovens, em inicio de carreira, que têm aqui uma oportunidade de mostrar a sua criatividade e competências através do desafio que propomos. Estamos próximos das Faculdades de Arte, precisamente, para envolver a comunidade no tema de arte pública e estimular a criação de arte pública.
O que é que está previsto para este ano em termos de novidades?
A grande novidade da edição deste ano é a abertura, pela primeira vez, da participação a artistas estrangeiros. Considerámos que, depois de termos recebido excelentes trabalhos de artistas portugueses nos últimos 3 anos, chegou o momento de abrir as portas do VIArtes ao circuito internacional da Arte, acompanhando assim a tendência das “cidades criativas” de Richard Florida, que a cidade do Porto tem revelado.
Sei que estão a preparar uma conferência sobre arte pública? Pode falar um bocadinho sobre isso?
O Laboratório de Ideias sobre Arte Pública surgiu, precisamente, da proximidade crescente com a comunidade artística que referi anteriormente. Ou seja, para além de desafiar e dar oportunidades aos artistas com projectos específicos, como é o caso do Concurso de Arte Pública VIArtes, é importante promovermos o debate sobre o tema.
É notória a evolução por parte das entidades, tanto públicas, como é o caso da Câmara Municipal do Porto, como privadas, na recetividade em promover o diálogo sobre a arte pública e em apostar neste tipo de arte para as suas programações artísticas e culturais. Pareceu-nos o momento indicado para trazer este tema dos “aparentes” paradoxos da Arte Púbica, no fundo é apenas um mote em tom provocatório para se iniciar a conversa sobre a Arte Pública que diz respeito a todos nós: cidadãos, empresários, políticos, artistas, públicos “arte” e “não arte”, famílias, contribuintes e consumidores.
Por que razão decidiram apostar no programa sobre Arte Pública?
Ao confrontar a abordagem da Responsabilidade Corporativa dos Centros Comerciais e a da Arte Pública, encontram-se algumas semelhanças e oportunidades para se potenciarem mutuamente. Ambas detêm uma forte ação e função social e podem contribuir para a estruturação do nosso comportamento em sociedade. A Arte Pública parece-nos ser um meio adequado para a educação e sensibilização da comunidade, função que a Responsabilidade Corporativa não pode esquecer como forma de promover e fazer compreender todas as suas outras dimensões.
Qual o balanço que fazem desta aposta?
Muito positivo. Quando inaugurámos o WEAVING, tive oportunidade de fazer um inquérito sobre o tema, a alguns dos participantes, e as opiniões foram muito positivas, com as pessoas a considerarem interessante participar e a interpelação que foi feita para a participação das pessoas e ressalvarem o envolvimento e alegra a rua e com isso as pessoas.
Tivemos, ainda, oportunidade de fazer uma avaliação do evento “The Pool” da Jen Lewin, realizado em 2014 no Centro Colombo, e demo-nos conta que havia já visitantes (cerca de 17%) que tinham ido ao Centro de propósito para ver a obra de arte, o que nos surpreendeu ter a Arte Pública já como um motivo de visita.
Posso ainda dar exemplo outras ações já realizadas. O Centro Comercial GaiaShopping recebeu uma performance de Street Art no âmbito de uma campanha de prevenção rodoviária, e no seu 20º aniversário convidamos o escultor Paulo Neves a realizar uma exposição no centro comercial como forma de celebração.
O Guimarãeshopping também festejou o seu 20º aniversário recorrendo a um projecto de Arte Pública: Semear Tradições.
E o Silo Espaço Cultural no NorteShopping criou em 2016 um concurso para ter uma proposta de marcar a entrada do espaço da galeria.
Podemos concluir que a Arte Pública acrescenta outra dimensão ao que pode ser um evento artístico que promova o lazer, pode ainda promover a consciência, servir uma celebração ou ainda o marcar o Lugar. Traz com elas a dimensão superior da Arte, é dirigida a quem nos visita ou usufrui dos espaços públicos adjacentes aos Centros Comerciais, e acrescenta valor aos locais, dando-lhes identidade.