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A história da Cervejaria Trindade remonta ao final do século XIII, a 1294, ano em que é fundado um dos maiores e mais importantes conventos da cidade de Lisboa, o Convento da Santíssima Trindade. Um espaço que marcou algumas das histórias de Portugal e de Portugueses reconhecidos além fronteiras, como Luís Vaz de Camões, que se apaixona perdidamente por D. Catarina de Ataíde, que cantou nos seus poemas, depois de um encontro na Capela do Convento da Trindade, na sexta-feira Santa de 1542.

O terrível Terramoto de Lisboa de 1755 atinge fortemente esta colina da cidade e o Convento da Santíssima Trindade é totalmente destruído, dando origem à expressão “Caiu o Carmo e a Trindade”
Já reconstruído e a albergar Freis e Monges , quase um século depois , decorria o ano de 1834, quando são extintas as Ordens Religiosas em Portugal e é demolido parte do Convento, sacrificado ao novo plano de urbanização da cidade de Lisboa. Ainda no fim deste ano, Manuel Moreira Garcia, industrial de origem galega, instala uma fábrica de cerveja precária, em frente ao espaço onde viria a nascer o Teatro da Trindade.

Em 1836, Manuel Moreira Garcia arrenda dois lotes de terreno e constrói o prédio onde ergueu a Fábrica de Cerveja da Trindade, aproveitando as paredes remanescentes do convento e decorando todas as fachadas exteriores com os azulejos que haviam resultado da demolição.
Sentida a necessidade de dar a experimentar cerveja a quem passava pela Fábrica, em 1840, abre o primeiro balcão de venda direta de cerveja ao público, localizado na primeira sala, na área que restava do refeitório dos frades Trinos.

Anos mais tarde, o balcão foi prolongado para o salão seguinte, e toda a envolvente revestida por painéis de “Ferreira das Tabuletas”, ilustrativos das quatro estações do ano, e os tetos e arcos decorador por Vale, com motivos heráldicos.
Após mais de quatro décadas sob a gestão de Domingos Moreira Garcia e herdeiros, em 1920 a Fábrica de Cerveja da Trindade passa a ser da responsabilidade de uma sociedade para a exploração do negócio, com o apoio do capitalista José Rovisco Pais que falece em 1932, ano em que a Fábrica é colocada em hasta pública até, em 1934, ser adquirida por um consórcio cervejeiro.

Um ano depois, a Fábrica encerra a sua atividade e a exploração da Cervejaria é entregue à Sociedade Central de Cervejas, da qual fazia já parte a Fábrica de Cervejas Portugália.
Decorria o ano de 1946 quando a Cervejaria sofre obras de ampliação e beneficiação e é inaugurado o novo salão, no espaço ocupado em tempos pela igreja do convento. As paredes de ambas as salas são decoradas por Maria Keil, com painéis modernistas em mosaico de pedra, inspirados na calçada lisboeta.

Em meados dos anos 80 (1986), aquando da comemoração dos 150 anos da Cervejaria Trindade, a Câmara Municipal de Lisboa decide integra-la como Património Cultural da Cidade, o primeiro de muitos reconhecimentos públicos, entre os quais se destacam a atribuição, por parte da Secretaria de Estado do Turismo, da medalha de Mérito Turístico no grau de Prata pela prestação de serviços relevantes para o turismo Português e o reconhecimento da Cervejaria Trindade como “Património de Relevante Valor Histórico-Cultural” pela Direção Geral do Turismo.

No início do século XXI (2007 & 2008), a Cervejaria Trindade passa a ser propriedade do Grupo Portugália Restauração que, desde então, tem vindo a redefinir a marca e seu posicionamento no mundo da restauração Lisboeta, dando uma nova vida à centenária Trindade, com um rebranding adaptado à novas tendências e exigências de mercado.
Mais recentemente, em 2014, e tendo como objetivo a consolidação da sua raiz histórica e contemporânea, a marca apostou na criação de um ambiente conventual, adornando o espaço com tochas e candelabros, bem como com música ambiente ao estilo gregoriano durante os períodos de refeição.
Em 2016, ano em que comemora o seu 180º aniversário, a mítica e emblemática Cervejaria Trindade promete continuar a fazer as delicias de quem a visita, seja através do atendimento de excelência que lhe é tão característico, seja através dos deliciosos e inigualáveis pratos conventuais.