Uma conferência com opiniões controversas no Roca Lisboa Gallery

Na semana em que se celebrou o Dia Mundial do Saneamento Básico, o Roca Lisboa Gallery, em colaboração com a Fundação We Are Water, organizou uma conferência com opiniões controversas perante a problemática da precariedade do saneamento básico a nível mundial.

Com o mote “Saneamento: soluções que podemos encontrar na natureza”, foram debatidas soluções para a crise sanitária e da água, de modo a aproveitar o poder dos ecossistemas, capazes de melhorar a qualidade da água e do abastecimento.

Com factos que revelam que 892 milhões de pessoas defecam ao ar livre, o que significa que as fezes humanas em larga escala não estão a ser capturadas ou tratadas, a contaminação da água e do solo que sustentam a vida humana é inevitável.

A conferência contou com a moderação de Laura Korculanin – investigadora e fundadora do projeto interdisciplinar e internacional “Give a Shit”, que colabora com a UN- Water and Sanitation, UPSSALA, para encontrar soluções para o futuro do saneamento.

Como oradores, foram convidados:

  • Jorge Vieira, representante da Fundação We Are Water em Portugal;
  • Miguel Amado, professor no Instituto Superior Técnico, investigador, arquiteto e urbanista;
  • Jorge Crespo, permacultor especializado em energia solar;
  • Rodrigo Silva, formador, pesquisador independente e freelancer na área da ecologia.

Jorge Vieira expôs o papel da Fundação We Are Water, que, ao trabalhar em colaboração com diversas ONGs e atuando no desenvolvimento e implementação de instalações sanitárias, bem como na criação de programas educativos para as populações, contribui para o seu desenvolvimento e qualidade de vida. A Fundação We Are Water representa ainda o compromisso da Roca com a sustentabilidade e com as populações mais afetadas pela falta de água, alertando ainda que apenas 40% da população tem acesso a um sistema de saneamento seguro.

Miguel Amado apresentou o projecto Technicall Wall: «uma parede técnica que garante as infraestruturas de saneamento básico para a melhoria da qualidade de vida das pessoas». Esta parede está a ser implementada em Oé- Cussé, Timor-Leste, onde há “uma população que sabe o que quer, mas não sabe como fazer”. A Technicall Wall vai permitir que as pessoas tenham acesso a água e saneamento, melhorando as condições de vida da população.

Miguel Amado falou numa perspetiva mais científica sobre esta questão mencionando ainda que o projeto piloto foi no ano 2011 em Cabo Verde e que o próximo será na Guiné-Bissau.

Com uma visão mais naturalista, Jorge Crespo e Rodrigo Silva trouxeram ao debate soluções 100% ligadas à natureza afirmando que “parece que o ser humano tem a ideia que não faz parte do ecossistema” e que “nós somos ‘solo’, mas somos constituídos por água” – algo que não nos devemos ignorar principalmente por as “fezes humanas serem as mais perigosas no mundo”.

Um debate com opiniões controversas que dividiram também o público entre soluções mais científicas e por isso, mais dispendiosas, ou soluções mais ecológicas e sustentáveis. Nas palavras de Jorge Crespo: “o objetivo é reconstruir solos com os nossos próprios nutrientes: as fezes”.

Rodrigo Silva consolidou a ideia de que “Quando a natureza chama, temos que ouvir e agir” afirmando que “é na natureza que nos encontramos” e que “é no momento em que cheiramos a terra que sentimos a proximidade com a natureza e com o planeta e sabemos que pertencemos aqui.”. Por isso é tão importante que a humanidade se consciencialize da dimensão da problemática que existe em torno da questão do saneamento básico. Melhor dizendo: da falta dele.

O tema foi amplamente debatido e enriquecido com diferentes opiniões e pontos de vista face às soluções apresentadas pelos oradores convidados e comentadas pelo público.

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